Sobre a conversa no vestiário do Inter no intervalo da partida.
“O resultado não demonstra o que foi a partida na sua totalidade. No primeiro tempo o resultado mostrou a superioridade do Bahia e que, fundamentalmente, nesses momentos de instabilidades, não deixamos de competir o jogo inteiro. Porém, até os 15 ou 20 minutos, quando nós estávamos suportando o ímpeto inicial do adversário, que estava jogando em casa, quando retomávamos a bola logo devolvíamos ela pro adversário. E isso foi dando confiança ao adversário e nos tirando. Tomamos um gol em uma jogada de bola parada, que já tínhamos minimizado os problemas nesse momento do jogo, que voltou à acontecer. A partir do momento em que estabilizamos emocionalmente na partida, nós voltamos a ter volume de jogo. Como o Gabriel (Carvalho) estava com um pouco de dificuldades no jogo interno, por conta da velocidade do jogo, e o Bahia ainda estava jogando com um terceiro zagueiro, um lateral na fase de construção que não fazia um jogo ofensivo, eu tirei o Gabriel do centro e desloquei ele pro lado, pra fazer a ponta. Depois, trouxe o Borré pra dentro para, na fase ofensiva, Borré e Valencia se comunicarem. Na fase defensiva o Borré se posicionou em cima do volante mais atrasado, isso nos deu um pouco mais de sustentação e, ao mesmo tempo, o Gabriel passou a entrar no jogo. Porque a velocidade do jogo, tanto pelo meio quanto pelos corredores, as combinações com o Bernabei deram condições para que ele pudesse fazer seu melhor jogo. No intervalo foi um ajuste mais fino desse novo movimento, que nos deu a condição de poder ter muito volumes de ações e oportunidades criadas, algumas claras de gol. As trocas continuaram dando intensidade, todos os meninos entraram bem, mantivemos o nível de intensidade que o jogo exigia. Talvez o resultado de vitória fosse o mais justo, mas foi um ponto importante, nesse recomeço, onde entendemos que pode ser esse o caminho. O caminho de termos na frente o Borré e o Valencia nessa condição de uma dupla de atacantes, com um sendo mais fixo e o outro tendo mais liberdade de flutuação”.
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Sobre o posicionamento do Borré como um centroavante mais fixo dentro da área.
“Ele (Borré) tem virtudes que, quando eu optei por colocá-lo na fase defensiva, pelo lado do campo, contra o Rosario. Foi pelo mesmo motivo, de ter um lateral menos ofensivo e que permitia, como a gente tinha o Bustos que é muito ofensivo pelo lado mas que também vem para o centro do campo, ele já estava jogando nessa função, pelo menos em uma fase do jogo. Claro que, quando você coloca um jogador mais centralizado, e que no corredor central na fase defensiva, ele vai estar mais disponível pelo centro de campo para a presença de área. Tem uma diferença, que é significativa, mas não é a totalidade da diferença. Ele estava jogando centralizado na fase ofensiva no seu melhor lugar. Claro que, jogando centralizado no corredor central, permitindo que o Valencia fazer um jogo de mais flutuação. O que a gente precisa encontrar é ter um ponta pelo lado, e ter um meia ponta que libere o corredor para o Bustos, que municia os dois jogadores pela frente. Com 30 minutos do primeiro tempo eu fiz essa mudança do Gabriel (Carvalho) pro lado, e estabilizamos no ponto de vista do casamento das características de cada um”.
O que representa o tempo para treinar agora que o Inter disputa só uma competição?
“Estou há 10 dias, foram três jogos. Com aqueles que foram para o campo, foram três treinos de vinte minutos. A gente fala ‘ah, tu vai ter dois dias de preparação’ mas na verdade 48h após a partida tu faz muito pouco, porque os atletas ainda estão em recuperação. E na véspera do jogo tu também faz muito pouco justamente porque no outro dia é o dia do jogo. Ter uma semana aberta, por conta da infelicidade de estar ausente da Copa do Brasil, nos dá a condição de buscar elevar e trabalhar em muitos níveis. Eu não consegui, em nenhum momento desses três jogos, trabalhar todos os processos. Eu fico sem alguns, foco nos mais importantes, como por exemplo a troca da bola parada, que eu pensava que esse era o momento que eu precisava agir de imediato. Alguns processos de construção ofensiva, mas por exemplo, a construção defensiva foi discutida e levada ao campo apenas em função do conceito do vídeo, de fazer um trabalho tático mais parado. Essa semana me dá condição de fazer isso, claro que não vou conseguir abordar todos os conteúdos, mas consigo dar pequenas amostras do que eu quero para os jogadores coletivamente.”
O empate com uma equipe que briga na parte de cima da tabela ajuda no anímico do Inter?
“Sem dúvidas, é um fator emocional importante. Ainda mais se fizermos uma leitura do contexto da partida, você sair atrás, ter o equilíbrio de voltar à partida, fazer um segundo superior ao do adversário, empatar no final, e ainda tendo algumas chances para virar o placar. Sem dúvidas foi um jogo importante, o resultado foi o que fizemos na partida”.
Sobre o treinamento de finalizações durante a semana.
“As pessoas aqui são testemunhas do que eu mais fiz nesses últimos dez dias foram trabalhos de finalizações de diferentes formas. Justamente para que a gente consiga voltar a ter o hábito de estar frente ao goleiro e, naqueles momentos, poder decidir a melhor ação. Finalizações eu treino todos os dias, sejam com cruzamentos, com infiltração, apoio ou busca da profundidade. Justamente para que, quanto mais o volume dessas ações, mais naturalidade o jogador vai ter quando estiver na frente do goleiro”.
O Inter se reapresenta na terça-feira (30) no CT Morada dos Quero-Quero, a próxima partida do Colorado será no domingo (04), às 17h, contra o Palmeiras, no estádio Beira-Rio, pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro.