O Conselho Deliberativo do Inter rejeitou o projeto de debêntures - títulos de dívida -, apresentado pela gestão do clube. A votação foi realizada na noite de segunda-feira (16) e teve 161 votos contrários diante de 159 favoráveis. Houve, ainda, uma abstenção. O Inter buscava arrecadar até R$ 200 milhões com a iniciativa, especialmente no sentido de reduzir juros de dívidas da instituição.
Durante a votação, chegou a ocorrer uma discussão acalorada entre o presidente do Inter, Alessandro Barcellos, e o conselheiro Roberto Melo, ex-vice-presidente de Futebol do clube e candidato derrotado justamente por Barcellos nas últimas eleições. Barcellos e Melo trocaram acusações sobre dívidas do Inter, como as aquisições do volante Edenilson em 2018 e do atacante Nico López em 2016.
O que são as debêntures, discutidas no Inter
“A debênture é um instrumento de dívida. O clube está emitindo uma dívida para um conjunto de credores privados, que são investidores neste papel, que vai ter uma rentabilidade. Ao invés de estar tomando um empréstimo com um banco e pagando juros para este banco, ele vai pagar juros para estes investidores e que vão ser acessados, inclusive, com uma ordenação bancária com o banco. O espírito de uma operação como esta é e o que a gestão está defendendo é que este papel da forma como está estruturado, com as garantias que estão estruturadas, terá um custo de emissão mais baixo do que uma parte da dívida hoje que tem ser financiada a um custo mais alto”, afirmou Aod Cunha, ex-secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul e ex-executivo-chefe do Inter, em entrevista concedida recentemente ao Vozes do Gigante.
“Se a dívida bancária do Inter hoje está em alguma coisa próxima do CDI, que é a taxa Selic básica mais 12%, a Selic foi para 12, estamos falando de 24, tem um indicativo inicial quando esta debênture foi estruturada que ela sairia em alguma coisa em CDI mais 6%. É dívida, é uma dívida cara, 18% ao ano. É porque estamos vivendo em um período onde a taxa de juros é muito alta. [...] Tem que ficar com muita transparência e muita clareza que esta operação, se for feita, é para abater dívidas mais caras. Nesta economia de juros, vai acabar sobrando um pouco mais de recursos para o clube”, também explicou o economista.