Ídolo Abel Braga relembra dois momentos marcantes no Inter

Redação Vozes
25 de fevereiro de 2025

Duda Garbi / Reprodução

A história do Inter nas últimas décadas do século 20 e começo do 21 tem no técnico Abel Braga uma das mais importantes referências. O treinador conduziu o Colorado nos marcantes títulos da Copa Libertadores da América e do Campeonato Mundial de Clubes da temporada de 2006, entre outras diversas conquistas. 

No entanto, antes, na sua primeira passagem pelo estádio Beira-Rio, entre 1988 e 1989, a queda na semifinal da Copa Libertadores da América de 1989 deixou uma marca significativa em Abel Braga, assim como também aconteceu com a torcida do Inter.

“Esse jogo do Olimpia, para mim, este resultado me fez eu me questionar muitas vezes. Primeiro, porque eu era jovem. Se ali nós tivéssemos passado, nós seríamos campeões da Libertadores. O campeão foi o Atlético Nacional, da Colômbia, que não é o time que é hoje, um clube forte, respeitado. (...) O que eu me questiono? Por que eu não joguei mais fechado? Mas, se eu fosse um cara que jogasse em retranca, com medo, eu não teria ido para cima do Grêmio no Gre-Nal do Século com um jogador a menos e virado o jogo. E eu fui zagueiro. Isto já fugia a minha característica como técnico”, afirmou o ex-técnico do Inter em entrevista concedida ao jornalista Duda Garbi

O Inter venceu o Olimpia no Paraguai por 1 a 0 na ida da semi da Libertadores de 1989. No jogo de volta, realizado no Beira-Rio, o Inter saiu perdendo, empatou, tomou o 2 a 1, voltou a empatar e sofreu o gol do 3 a 2 para depois ser eliminado nos pênaltis. Quando o jogo estava 2 a 2, o Inter teve um pênalti para cobrar, que acabou defendido pelo goleiro adversário.

Abel Braga também relembrou o dilema de ser mais ou menos ofensivo quando foi contratado pelo Inter em 2006. Ele menciona um diálogo que teve com o presidente Fernando Carvalho, que comandava o clube na época: “ele falou: ‘só tem uma coisa, cara, não pode ser tão faceiro’. Eu falei: ‘é difícil, Fernando. Eu não consigo. Uma estratégia mais defensiva sem a bola, pode ser. Eu jogo com três atacantes’. Venho para o Inter e foi um negócio bem legal porque ali eu estava meio que taxado: ‘o cara só é vice’. Bi-vice. Eu tinha que explicar às vezes para o meu filho. Os colegas sacaneavam na escola. Eu dizia: ‘são 40 clubes, Copa do Brasil, o pai chegou com o Flamengo, Fluminense. Não pode ser à toa isto. Tem que ter capacidade para chegar’. Esta foi uma coisa que estava atravessada”.

O impacto do vice do Inter no Gauchão 2006

“Eu já sabia e já entendia bem o que era e o que é até hoje o Gre-Nal. Estava controlado. Estávamos ganhando por 1 a 0, final do jogo e uma falta. Meteram a bola lá para cima. É o último momento. (...) Ali saí muito chateado porque estávamos invictos. Desço a escada e comento com o Leomir [Souza, auxiliar técnico], entrei na sala chutando tudo e falei: ‘nós estamos fora, não tem história’. Aí sentei à minha mesa, fiquei ali. Ele também, sentado. Ninguém falava nada. Todos de cabeça baixa, pensando. Entra o Fernando Carvalho. Ele entra e fala assim: ‘morreu alguém? O que está acontecendo aqui?’ ”, disse Abel Braga sobre a perda do título do Campeonato Gaúcho de 2006 para o Grêmio. O jogo de ida no estádio Olímpico terminou empatado sem gols, enquanto que na volta, no Beira-Rio, acabou em 1 a 1 com o título do rival por causa do saldo de gols qualificado.

“Eu lembro que falei uma frase, um palavrão: ‘p####, o que aconteceu? Foi uma bobeira nossa. A bola era nossa, proporcionamos uma falta boba no meio-campo. Como vai tomar uma bola de quase 60 metros?'. E ele falou: ‘eu falei com você, Abel, que eu vou te dar a chance e quero ser campeão da Libertadores’. Aquilo me fez pensar rápido no que eu tinha falado há uns minutos para o Leomir: ‘estamos fora’. Achei que seria demitido. Eu falei: ‘ah, não, agora nem que eu tenha que virar esses caras ou eu me virar pelo avesso, nós vamos levar isso’. Fui no vestiário, dei moral”.

Abel prosseguiu com o relato: “folga de um dia e depois, na apresentação, eu disse: ‘isso tem que ter retorno. Vocês sabem o que isto representa. Não perdemos o jogo, mas deixamos de ganhar um título contra o maior rival dentro da nossa casa. E eu falei que estava fora, e não estou fora. Nós vamos agora dar a vida. Eu sei que tenho um grupo, um ambiente bom, que nós temos um coletivo muito forte'. Apesar de ter nomes, bons jogadores, o coletivo era muito forte. Não tem história, nós vamos levantar isto. Foi de forma muito positiva com apenas uma derrota para a LDU, fora, uma campanha espetacular [na Copa Libertadores de 2006]”.

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