Na entrevista coletiva pós-vitória do Inter por 1 a 0 contra o Corinthians em Florianópolis, o técnico colorado Eduardo Coudet celebrou o triunfo e a boa atuação da equipe. Também falou sobre Mauricio, Bernabei e Alan Patrick, entre outros temas. Leia as respostas do treinador do Inter após o jogo desta quarta-feira (19/06).
Mudança de postura no jogo contra o Corinthians em comparação à derrota para o Vitória
"A intenção era reverter a imagem do último jogo, que não foi boa. Assumimos isto. Às vezes ir mal em um jogo, não queremos que aconteça, mas às vezes acontece. São muitos jogos. É muito difícil o que está acontecendo. Agora é mais fácil falar porque ganhamos. Quando perde, parece desculpa. O que está fazendo este grupo em relação às viagens, concentrações, a tudo. Vocês são jornalistas e alguns jogaram profissionalmente e são os que podem responder sobre estar encerrado e ir jogar. Eu posso falar. Joguei por 20 anos. Estar 4, 5 dias em um hotel e ir jogar, às vezes não dá certo. Tínhamos a intenção de reverter a imagem. Agradecemos à torcida por como apoiou apesar de virmos de uma derrota. O torcedor é mais consciente das dificuldades que estamos tendo. Estamos competindo em todas as competições que disputamos. Quando começa a rolar a bola, se esquece tudo e as dificuldades continuam. Vamos ter 3, 4 semanas ainda duras, difíceis. Eu acredito muito neste grupo porque tem um grande coração. São grandes pessoas e grandes profissionais, além da qualidade que têm. A situação é esta. Hoje tinha oito trocas para fazer e só posso fazer 5. O desgaste físico está aí. Não é só para nós. Além de ser nosso rival, que vamos enfrentar agora, também está sofrendo tudo isto. É difícil. O Brasileirão naturalmente é dificilíssimo. Imagina com as dificuldades que temos. Hoje fomos mandantes a 500 quilômetros de Porto Alegre. O Grêmio vai ser a 800. Temos que viajar o tempo todo. Hoje, para ser mandante, ontem saímos às 12h de casa e chegamos às 22h em Florianópolis. É mais fácil falar agora quando ganhamos. As dificuldades existem. Acreditamos que vamos brigar. Cada vez que a gente perder não é uma catástrofe, não é que tudo está ruim, que tudo é uma merda. Quem tem isto mais claro é o torcedor, que vem aqui apoiar e que vê que o time deixa o que precisa para alcançar resultados. Ainda vamos ter 3, 4 semanas duríssimas. Acreditamos que vai dar certo. Não deixem de lembrar: hoje não estava Vitão, Renê, Alan Patrick, Aránguiz não pôde começar, não está Valencia, Rochet, Borré. Mauricio está vendido. Thiago Maia. Temos alguns bons jogadores que jogam bola fora ainda. Acreditamos. Vai se acomodar a situação. Por que fiz sete trocas no jogo passado? Por que não podiam começar. Por desconforto ou porque o departamento médico me diz que é melhor algum jogador não começar, prefiro perder por um jogo do que por um mês, o jogador. Fui o primeiro a reconhecer. Foi dos piores primeiros tempos [contra o Vitória], mas não é tudo ruim. Isto é para esclarecer. Volto a agradecer o apoio do torcedor. Foi muito bonita a recepção no estádio. Isto gera mais compromisso, já temos compromisso de brigar. Vamos ter dificuldades e depois vamos nos acomodar. Precisamos sobreviver lá em cima nestas 4 semanas. Como? Não sei. Não é que já temos uma fórmula. Temos que estar lá em cima. Agora vem uma partida muito bonita para jogar, que é o Gre-Nal, contra um grande time, um grande treinador. Tomara que seja um grande espetáculo".
Situações de Fabricio Bustos e Rômulo, e se tiveram alguma lesão contra o Corinthians.
"Não temos nenhum jogador machucado agora. Foi hoje que definimos o time por conta da condição física de cada jogador. Não é que preservamos alguém. Tomamos os cuidados necessários. Não quero que os jogadores se machuquem. Às vezes nos arriscamos. Riscos lógicos. Não colocar jogador que vai se machucar. O departamento médico ou físico me diz que tem possibilidade de machucar, daí prefiro outro que tenha boas condições. Vamos precisar de todos. Como fazemos para equilibrar as dificuldades que temos? Temos que nos impor com a vontade, com a cabeça, nos ajudando. É um grupo que se ajuda muito. Estamos felizes de ganhar contra um grande time como o Corinthians. Agora é descansar, recuperar e começar a preparar o clássico".
Alan Patrick e Lucca jogarão o Gre-Nal?
"Acho que o Alan está melhor do que o Lucca. É o dia a dia. Não quero falar de situações pessoais. É o dia a dia. Vamos precisar de todos. Vamos preparar cada jogo com quem esteja à disposição. É uma surra fisicamente para todos. O grande mérito deste grupo... nós que não jogamos estamos cansados, imagina eles".
Jogos vão ser "sofridos"?
"Nunca tive a sensação de que corríamos perigo no jogo. Vou ver depois mais tranquilo. Poderíamos ter feito mais gols e fechado o jogo de forma mais tranquila. Queremos ganhar todos os jogos, mas o grupo precisa se adaptar. É a quantidade de jogadores importante que hoje está fora. Quando falo disto, não é só das viagens, dos jogos. É uma surra para os jogadores, como disse. É lembrar o que aconteceu. Nós não queríamos vender o Mauricio. Armamos o ano para não vender ninguém, mas o clube tem que sobreviver. Tudo mudou".
Por que o Alexandro Bernabei não tem jogado?
"Porque jogam outros. Damos a mesma qualidade de treino a todo o grupo e depois decidimos quem joga. Todos vão ter possibilidade de jogar pelo desgaste lógico do grupo. Cada vez que passa um jogo tentamos recuperar quem está fora. Hoje não conseguimos colocar os 23 permitidos. Os que estão jogando sinto que estão fazendo grande esforço. Estamos convencidos que temos que ganhar cada jogo. Nós jogamos com a maior quantidade de torcedores, mas não jogamos como mandantes. Continuamos sendo visitantes. Não conhecemos os campos onde jogamos. Tem uma dificuldade que está aí. Temos que nos adaptar e ganhar".
"É um jogador em que acreditamos [Bernabei]. Por isto foi contratado. Agora não está tendo a possibilidade de jogar. Trabalha muito bem, é um grande profissional. Usamos jogadores com outras características, como um lateral natural como Renê e usamos o Robert hoje. Temos que equilibrar algumas coisas. Renan mede 1,86m, enquanto Bernabei, 1,70m. Para falar de jogo aéreo, coisas que o time precisa. Ele está bem. Treina bem. Vai ter oportunidades, certamente. Acontece que quando tem oportunidade, pode se destacar e dar certo quando jogar. Certamente vai ter minutos. Não teve até agora. Tento escalar os que estão melhores e acertando questões táticas e funções dos jogadores. Vamos precisar de todos. É o único que não teve minutos ainda. No Brasileirão ainda não teve minutos. Ele trabalha. Quando precisarmos, vamos usar. Falar de características é difícil. Como o time vai jogar mais bonito? Quando joga o Alan Patrick, tudo é mais bonito. Todos concordamos. Ele faz mais bonito. Quando estão Aránguiz e Alan se vê tudo mais bonito. Temos a dificuldade de não terem começado. Charles está bem. Teve golpe forte no tornozelo. Tivemos que preservá-lo hoje. Alan se recupera bem. Não teve lesão forte. Não sabemos se estará treinando amanhã, se assim também o Renê. Vamos jogar mais bonito quando estiverem todos. Outro dia um jornalista perguntou: outra vez o time estava entrosado. E contra o Athletico se machucou o Wanderson. Não é uma situação normal. É mais fácil falar hoje que ganhamos. Não é normal viajar sempre, não estar em casa. Saímos ontem e os jogadores voltam no domingo para casa. O Grêmio está na mesma situação. Os outros veem suas famílias, dormem em casa. Afeta a cabeça dos jogadores, ficar encerrados 3, 4 dias no hotel, mesmo que treine, a cabeça não desafoga nunca. Vamos para frente igual. Estamos convencidos que as coisas vão ficar bem".
Escalação para o Gre-Nal pode ser decidida no dia do jogo?
"Certamente. Sempre sou positivo de que todos estejam à disposição. É o que me informam, não o que eu decido. O importante é como hoje que tivemos muitos desfalques e conseguimos ficar com os 3 pontos. O Corinthians atacou mais no 2º tempo, mas fomos merecedores da vitória. É meu ponto de vista. Merecemos os 3 pontos. Depois, sofrer por momentos, se sofre com todos. São todos bons times. Todos têm bons jogadores. Nós sofremos algumas dificuldades. Não tem jogo fácil. É um Brasileirão complicado, o atual. No futebol de hoje, todos têm desfalques seja pelas seleções... o Brasileirão é um torneio de primeiro nível. Todos têm convocados. Nunca achei um jogo fácil no Brasil. Tomara que ache um, mas é muito difícil. Todos os jogos são trabalhados, parelhos. Os detalhes fazem a diferença".
Wesley e Wanderson podem começar jogando o Gre-Nal?
"Sempre a intenção é jogar com agressividade contra a goleira adversária. Isto trabalhamos. Tivemos também uma sequência com desfalques. Jogamos com Palmeiras, Athletico e depois chegam os desfalques. Daí tem a pausa [pelas enchentes]. Depois é começar do zero. Quando começou o ano, dissemos: 5, 6 jogos são necessários para o time tomar forma. Precisamos trabalhar e melhorar. O que vamos fazer no Gre-Nal? Não sabemos. São 48 horas de paz quando ganha. É um montão. Tudo vai a 200 mil km por hora aqui. É uma montanha-russa. Ganhamos do Corinthians. Estas são as regras do jogo. Estamos preparados. Gostamos da pressão, da obrigação de ganhar, de ter que brigar. Sou o primeiro que digo que vamos brigar. Não tenho dúvida".