Análise: mesmo com trocas, Inter repete problemas na estreia da Sul-Americana e frustra retomada

Quem esperava em uma resposta do Inter se frustrou. O desempenho no empate em 0 a 0 com o Belgrano ficou abaixo do esperado e esteve muito parecido com os últimos jogos. O time construiu algumas situações de gol com Borré, mas falhou quando teve oportunidades e mostrou dificuldades para sair da marcação do adversário em uma análise geral e ainda passou sustos.

Onde estão as alternativas de Eduardo Coudet? Houve cobrança, reflexão, privacidade, mas, após oito dias do fracasso diante do Juventude no Gauchão, o treinador não trouxe uma novidade em Córdoba. O que se viu foi a repetição do roteiro que culminou na eliminação do Gauchão. Como explicação, a tristeza pela falha do próprio time no estadual.

– Só perdemos um jogo no ano, mas a exigência é assim. Não ganharemos todas, não é tão fácil entrar solto no jogo após um que não deu certo. Quando ganhamos não escutei sobre sistema ou tática. Quando ganha é gênio, mas quando perde é um idiota, mas nunca ouvi sobre tática quando ganhei. E não me considero um gênio – disse o técnico.

O 4-1-3-2 parece o único esquema tático a cativar Coudet. Sem o brilho de Alan Patrick, o Colorado míngua. O capitão, uma vez mais, não encontrou espaços. Mauricio e Wanderson idem. O técnico observou a inoperância do trio criativo e demorou a tomar uma atitude para mudar o cenário. Faltou uma solução para furar o bloqueio pirata.

Quando a bola chegou a Rafael Borré, o colombiano pecou. Três oportunidades que trariam alívio, mas sem sucesso. Uma de frente a Chicco, na qual cabeceou em cima dele. Outra ainda mais escandalosa, quando, sem o goleiro, acabou enganado pelo quique da bola e não conseguiu dominar. Todavia, foi o primeiro jogo como titular e ainda precisa aprimorar o entrosamento e o ritmo.

Aliás, no ataque, fica clara a falta de Enner Valencia. O equatoriano permaneceu em Porto Alegre para tratar a contusão no pé direito. E, se é verdade que também perde gols, cria na mesma escala e atordoa os defensores rivais.

Para piorar, o Belgrano, quando avançou na volta do intervalo, incomodou por mais limitado que seja. O segundo tempo mostrou falhas conhecidas. Avanços pelo lado de Bustos, dificuldade para segurar Passerini e uma bola que rondou a área. O Inter pareceu aceitar a maneira que o rival se postou e tinha dificuldades para ganhar as divididas.

Como acerto do técnico, Fernando. Mesmo improvisado na zaga, o Polvo mostrou virtudes por baixo e por cima. Coudet terá de decidir se o firmará ao lado de Vitão ou o utilizará como um dos volantes. Mas a amostragem indica que ele não sairá do time.

Aliás, o treinador tem mais um longo período para apresentar uma evolução. O duelo com o Real Tomayapo ocorre apenas no dia 10 de abril. Fernando, Thiago Maia e Borré estarão ainda mais familiarizados aos companheiros.

Só que é fundamental uma nova movimentação distinta para ludibriar o rival. Coudet precisa dar uma resposta. O Inter não tem tempo a perder, tampouco crédito para mais fraquezas.

Após média de dois gols por jogo, Inter despenca números do ataque e faz um gol em três partidas

São só três jogos, mas os números mostram uma queda do Inter após um encantamento nos primeiros meses de 2024. A oscilação da equipe se manifesta especificamente no setor ofensivo. Antes efetivo, o time começou a mostrar dificuldade para furar as defesas e minguou. De uma média de dois gols por jogo na amostra recente, desabou para 0,33 a partir dos confrontos da semifinal do Gauchão.

O Colorado marcou 28 gols nos primeiros 14 compromissos na temporada. Nas últimas três partidas, período que marca a oscilação dos comandados de Eduardo Coudet, só anotou um.

O empate em 0 a 0 com o Belgrano na noite da última terça-feira reforçou os problemas enfrentados. O Inter sofreu para construir e chegar ao gol de Chicco. Foram apenas três oportunidades ao longo dos 90 minutos, todas desperdiçadas por Rafael Borré, principal reforço do ano.

– São situações que acontecem, mas sempre digo que o importante é criarmos e a equipe está. Temos de saber que convertendo essas chances será uma outra equipe – comentou o camisa 19.

O colombiano, no entanto, tem crédito, já que realizou em Córdoba apenas a primeira partida como titular. As dificuldades decorrem dos problemas de Alan Patrick, Mauricio e Wanderson ditar o jogo. O trio responsável pela construção encontrou poucos espaços e as oportunidades minguaram.

– Podemos criar mais. Tivemos algumas claras e buscaremos ser mais efetivos. Temos grandes finalizadores. Nos últimos três jogos, só fizemos um gol e tivemos muitas chances. É um ponto a melhorar, mas temos grandes atacantes e artilheiros. Faremos os gols – assegurou Coudet.

Inter em 2024

  • 29 gols
  • 17 partidas
  • 1,7 gol por jogo
  • 5 jogos fez 3 gols
  • 5 jogos fez dois gols
  • 4 jogos fez 1 gol
  • 3 jogos não fez
  • Valencia é o artilheiro com 6

O discurso do treinador se apega ao fato de Borré buscar o melhor ritmo e entrosamento, além das ausências de Alario e Valencia. A dupla ficou fora do empate na Sul-Americana, por exemplo.

Alario é o vice-artilheiro do time com três gols, empatado com Wanderson e Alan Patrick. Já Valencia aparece como o artilheiro isolado, com seis. Como o Colorado tem 29 na temporada, significa que a dupla é responsável por 31% do total.

O argentino ainda ficou fora da eliminação para o Juventude no Gauchão por uma pancada no joelho direito, só participou de um treino com bola e por isso esteve ausente da viagem para a Argentina. Já o equatoriano atuou descontado na queda e voltou a tratar a contusão no pé direito.

O equatoriano, aliás, faz tratamento para estar à disposição e compor a tão esperada dupla com Borré contra o Real Tomayapo, na próxima quarta. A expectativa, especialmente da torcida, é da resposta que os dois juntos darão na temporada.

O Inter terá até o treino de terça-feira para solucionar o problema ofensivo e voltar a estufar as redes. A partida diante do Real Tomayapo, da Bolívia, será disputada às 21h no Beira-Rio.

Inter apresenta queda contra rivais de primeira divisão e enfileira três empates

O Inter que chegou a encantar no ano suscita dúvidas. Esse novo contexto vem justamente dos últimos três jogos, com eliminação no Gauchão e empate na estreia na Sul-Americana. Embora invicto, o Colorado encontrou dificuldades contra rivais das primeiras divisões de Brasil e Argentina.

Soberano contra adversários de séries inferiores nacionais, o Inter só perdeu uma vez no ano, para o Guarany de Bagé, com reservas na primeira fase do Gauchão. O Colorado viu a régua subir na vitória no Gre-Nal 441 e não acompanhou as exigências na sequência.

O 0 a 0 com o Belgrano na terça-feira reforçou a situação. A melhor versão da equipe gaúcha não apareceu mesmo diante de um adversário que luta contra o rebaixamento na Copa da Liga Argentina, vinha de 18 jogos consecutivos vazado e tinha um técnico com uma semana de trabalho.

A estreia pela Sul-Americana era vista no Beira-Rio como o momento de dar uma resposta após o fracasso no Gauchão. O Colorado empatou as duas com o Juventude na semifinal e foi eliminado nos pênaltis. Assim como ocorreu diante dos hermanos, com uma produção ofensiva parca.

Alan Patrick, Mauricio e Wanderson não conseguiram encontrar espaços para incomodar os comandados de Roger Machado no Gauchão nem os rivais na Sul-Americana. Aránguiz estava em campo contra o Juventude e desfalcou o time na Argentina após procedimento nos olhos.

Nos três jogos, o Inter mostrou, quando apertado, certa vulnerabilidade. Os espaços atrás de Bustos, especialmente, foram bastante explorados.

– O golpe está muito perto. Não chegamos à final e pedimos desculpas. Foi o primeiro após a eliminação. Não é fácil. Teremos uma semana longa e precisamos voltar a ganhar. Podemos dar muito mais. Temos de retomar um montão de coisas – admitiu Coudet.

A única vitória sobre rivais da Série A no ano veio no Gre-Nal, é verdade. O clássico, à época, aumentava a confiança e indicava um caminho. Ainda assim, só teve a vitória confirmada nos acréscimos, ao virar para 3 a 2 com o pênalti convertido por Alan Patrick aos 52 minutos do segundo tempo.

Há necessidade de reverter o quadro porque o Brasileirão se aproxima. Prioridade na temporada, a competição começa para o time de Coudet no dia 13, quando medirá forças com o Bahia no Beira-Rio. Na sequência, terá Palmeiras e Athletico-PR fora.

Os três duelos que merecem cuidados. Até por isso, a semana de treinos será aliada. O Inter terá o período para corrigir os problemas e encontrar maneiras de superar o Real Tomayapo. A partida, válida pela segunda rodada do Grupo C da Sul-Americana, ocorre na quarta, às 21h, no Beira-Rio.