O meia Gustavo Campanharo esteve na última temporada emprestado pelo Inter ao Atlético-GO para a disputa da Série A do Campeonato Brasileiro e usou suas redes sociais para fazer um forte desabado sobre o ano que teve longe do Beira-Rio.
O volante escreveu uma "carta aberta" nas suas redes sociais falando sobre as dificuldades que enfrentou ao longo do ano. O problema que teve com uma lesão foi o estopim para que o jogador sofresse na sua passagem pelo clube de Goiânia.
"Aqui me senti humilhado, desvalorizado, descartado, impotente, e como se eu estivesse trabalhando para mostrar meu potencial, mas ninguém iria valorizar isso, nada iria mudar, já estava decidido", escreveu em parte da nota.
Em seu desabafo (leia a íntegra abaixo), Campanharo revela que até os custos do procedimento ele ajudou no pagamento para que o clube não saísse lesado. Mesmo assim, os detalhes dados por Campanharo mostram que a situação não foi fácil ao longo do ano.
Veja a íntegra da carta de Campanharo:
Carta aberta: Eu poderia começar escrevendo esse texto de tantas formas, tipo como todos os clubes que passei, sendo grato pela oportunidade e tudo mais. Mas não, aqui foi diferente, aqui eu passei coisas que jamais havia passado em 15 anos de carreira. Aqui me senti humilhado, desvalorizado, descartado, impotente, e como se eu tivesse trabalhando para mostrar meu potencial mas ninguém iria valorizar isso, nada iria mudar, já estava decidido. Eu cheguei, fiz toda preparação física, e ao final dessa preparação senti uma lesão. Já começou por ai, as minhas dores e aflições eram praticamente ignoradas, me mandavam pra campo sem nenhuma condição de fazer aquilo que eu sempre amei fazer. Eu fui para o caminho de casa chorando por pelo menos uma semana, porque ninguém me dava soluções. Até que cheguei ao meu limite, não conseguia mais lutar contra aquilo, estava me fazendo mal. Nos reunimos, eu implorava por uma resolução, algo que me consumia a cada dia que passava, e uma opção(que meu médico particular também indicou) era uma artroscopia, que em menos de 2 meses eu estaria de volta. Fui colocado contra a parede no clube, me colocaram medo, diziam que poderia continuar da mesma forma, que eu teria um grande risco, e pra completar, falaram que se eu realmente quisesse fazer isso, teria que assinar um termo, assumindo toda a responsabilidade. Logicamente que com toda essa pressão psicológica, a insegurança e o medo bateram, mas juntamente com meu médico particular decidimos por fazer. Nesse período, o fisioterapeuta foi mandado embora, diziam que ele colocava coisas na minha cabeça, (provando que não acreditavam nas minhas dores, ou mais uma vez ignoravam o fato de eu não conseguir treinar). Assumi metade dos custos do procedimento, pro clube não sair totalmente lesado. Ocorreu tudo bem na cirurgia e também na minha reabilitação, como o esperado(por mim e pelo meu médico particular). A todo momento o presidente dizia contar comigo, para que eu voltasse logo para ajudar, que ele precisava de mim, e a todo momento eu trabalhava incansavelmente para voltar o mais breve possível.
A partir daí a decisão foi que eu treinasse dia sim e dia nao, e sábados e domingos livres. Como falei no início do texto, eu fui humilhado, desvalorizado, injustiçado, e além disso tudo citado, tiveram outras situações, mas que prefiro não citar. Acredito que momentos bons e ruins todos nós temos, e no futebol é simples, nos momentos ruins, trabalhamos e damos a volta por cima. Porém aqui eles não permitem que isso aconteça. Comecei a ser ignorado no clube, não pelos atletas, mas por algumas pessoas que trabalhavam lá, perguntava horários de treinamento, ingresso para jogo e ninguém respondia. A cada dia que passava a angústia para que tudo isso acabasse só aumentava. E acabou! Essa carta é pra todos aqueles que me perguntavam durante o ano, o que estava acontecendo, ou para aquelas que me acompanhavam mas não sabiam o que se passava, e claro, um desabafo, pra também tentar dar voz aos que estão no clube e aos que passarão por lá, porque de alguma forma vão tentar calar vocês, com alguma pressão psicológica. É preciso entender, que além de atletas, somos seres humanos, e ali, esse lado, é praticamente jogado no lixo. Tudo aquilo que sonhava e planejava não se concretizou para esse ano, mas meu caráter, minha vontade de fazer dar certo, e meus objetivos pessoais continuam vivos, porque tudo que passei aqui não me define. Agora, sigo em busca de novos rumos, na certeza que sempre dei o meu melhor, e busquei ter a melhor versão de mim, como sempre. Parece clichê, mas quem me conhece sabe que eu não escreveria isso por tão pouco. Mas o mundo da bola gira, e certas coisas servem de aprendizado. E como serviu! Vamos pra próxima… Um abraço a todos, Campanharo.